quarta-feira, 20 de maio de 2009

INÍCIO DE MOSSORÓ

Nos primórdios da colonização, as cidades surgiam naturalmente, sem pretensões, sem pressa. Em busca de bons pastos, já que os terrenos à beira-mar estavam reservados para o plantio de cana-de-açúcar (um decreto real de 1701 conservava as dez primeiras léguas - aproximadamente 65 Km - como área exclusivamente de agricultura), os homens adentravam os sertões, tangendo o gado, fixando-se em fazendas. Com o tempo, as fazendas cresciam. Então logo se doava um pedaço de terra para a construção de uma igreja. Terra doada à padroeira. Com o tempo, começava a surgir casas ao redor da igreja. Surgiam os povoados, as vilas, as cidades. A fazenda de gado foi responsável pela fixação da população no interior nordestino. O relevo e a vegetação pouco densa das caatingas permitiam a fixação do gado sem qualquer trabalho preliminar de desbastamento do solo. Os afloramentos salinos, comuns no interior nordestino, serviam de lambedouros para o gado, fundamentais para a sua alimentação. As fazendas geralmente eram construídas às margens de um rio. Não necessitava de muita gente para o trabalho. Um só homem era suficiente para cuidar de aproximadamente 250 cabeças de gado.

Com Mossoró o mesmo aconteceu. A princípio era a Fazenda Santa Luzia, que pertencia, antes de 1739, ao capitão Teodorico da Rocha. Por volta de 1770, a posse da fazenda estava com o português Antônio de Souza Machado, e foi por essa época que a fixação demográfica foi iniciada pela criação de gado, oficina de carnes e extração do sal. Manuel Ferreira Nobre, ajudante de ordens do presidente da Província Leão Veloso, conta em seu "Breve Notícia sobre a Província do Rio Grande do Norte, que segundo a tradição, a primeira exploração de Mossoró teria se dado no correr do ano de 1633. Em nota de rodapé do mesmo livro, o professor Manuel Rodrigues de Melo explica que a informação de Manuel Ferreira, embora baseada na tradição merece atenção, visto que em 1612 o povoamento chegou até o rio Açu, e o sertão do Açu era o caminho natural para o Jaguaribe, que obrigatoriamente passava por Mossoró. O que se sabe ao certo é que em 13 de fevereiro de 1852" foi lida na Assembléia provincial uma representação dos habitantes da freguesia de Santa Luzia do Mossoró, pedindo que se elevasse a povoação à categoria de vila e município". A lei n° 246 de 15 de março de 1852 , elevou o povoado à categoria de vila, com o título de Vila de Santa Luzia de Mossoró. Em 9 de novembro de 1870, graças a um projeto do Vigário Antônio Joaquim Rodrigues, então deputado provincial, a Lei n° 620 do mesmo ano conferiu-lhe as honras de cidade, com a denominação de cidade de Mossoró, que permanece até os dias atuais.

Mas por que Mossoró?

Para o historiador potiguar Luís da Câmara Cascudo, o topônimo provém dos cariris Monxorós ou Mossorós. Para Antônio Soares, Mossoró é corruptela de mô-çoroc, vocábulo indígena que significa fazer roturas, o que rasga, rompe ou abre fendas. "Aplica-se bem ao rio Mossoró, que rasgou ou rompeu a terra marginal em diversos pontos, formando camboas". No mesmo trabalho, Antônio Soares cita Miliet de Saint Adolfhe para quem o nome teria vindo de uns índios aldeados nas proximidades da foz do Apodi, que seriam os Macarus (ou Maçarus). Cita ainda Saldanhas Marinho, para quem "Mossoró" era corruptela de mororó, árvore muito flexível, resistente e vulgar no norte. Em outras fontes encontramos também Mossoró como sendo certo vento que sopra do norte. Quem tem razão não sabemos. O que sabemos é que Mossoró ficou sendo desde 9 de novembro de 1870.

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